sábado, 16 de julho de 2016

O diário de uma camareira – Journal d’une femme de chambre


Inspirada no livro de Octave Mirbeau , publicado em 1900,  que deixou a população francesa chocada a se referir de forma tão clara aos costumes das classes mais abastadas e detalhar os relacionamentos que eram mantidos, muitas das vezes, entre patrão e empregada.

Benoît Jacquet  possui uma verdadeira obra-prima em mãos, e com ela poderia explorar diferentes aspectos da vida na sociedade francesa no final do século XIX, e tudo isso de acordo com o ponto de vista da classe trabalhadora já que a personagem principal é Célestine, uma camareira, interpretada brilhantemente por Léa Seydoux.


Seydoux  já havia trabalhado com Benoît antes em Adeus, minha Rainha, e novamente ela está perfeita no papel. Ela cria uma personagem bem estruturada, que é perfeita em suas contradições e que após certa parte do filme é a única coisa que nos faz assistir terminar de assisti-lo.

Célestine é apresentada no início como uma camareira exigente com seus futuros patrões, não aceitando qualquer proposta, logo assim, de primeira. Mas, depois quando ela aceitou mudar-se para o campo onde sua nova patroa, Madame Lanlaire morava, entendi o porquê de tantas exigências, ela simplesmente não tem um momento de descanso e é tratada como escrava. Porém, se você estiver pensando que Célestine é uma pobre mulher, subjugada e maltratada que não sabe se defender, está enganada, e acho que é isso que mais me fascina nela.


Todo esse realismo da personagem, ela não senta e fica esperando alguém salva-la, ela se salva da maneira que pode desde os doze anos, dotada de um misto de sofisticação e inteligência tentando sempre se sair bem das situações.


Mesmo sendo tão explorado por esse casal de aristocratas decadentes, e não se dando bem no inicio com seus colegas de trabalho, ela parece suportar esse situação. Até o momento em que Joseph, um empregado da casa, começa a demostrar interesse por ela e lhe faz uma proposta tentadora que pode mudar por completo sua vida de serviçal.

O passado de Célestine é contado através de flashbacks, o que deixa a edição do filme ainda mais linda. Para que o filme fosse realmente perfeito faltou apenas a conclusão de alguns fatos que foram jogadas a esmo.




Escrito por Paulinha.

segunda-feira, 4 de julho de 2016

[Resenha] O melhor de mim - filme


O melhor de mim é baseado na obra de Nicholas Sparks, com título original The Best Of Me, e conta a história de dois jovens apaixonados, Amanda (Liana Liberato) e Dawson (Luke Bracey).

Nascido em uma família de criminosos e ela de uma família tradicional, o pai da garota não aprova o relacionamento dos dois que aos poucos vão se afastando e tomando rumos diferentes.
 

Acima, Amanda e Dawson jovens. Abaixo, o casal vinte anos depois.
Dawson passa quatro anos preso, após atirar em seu amigo acidentalmente, e posteriormente isolado em uma plataforma de petróleo em alto mar. Amanda vai para a faculdade conhece Frank e os dois se casam.
 
Vinte anos depois, com a morte de Tuck, um amigo que abrigou Dawson quando ele saiu de casa e que apoiou o namoro do casal, os dois voltam a se reencontrar, trazendo à tona tudo o que viveram na adolescência.



Juntos, Dawson e Amanda descobrem que nunca deixaram de se amar e apenas um final de semana foi suficiente para despertar o sentimento que havia ficado adormecido por tanto tempo.

ASSISTA AO TRAILER ABAIXO:
 


quarta-feira, 25 de maio de 2016

Paris-Manhattan



Não sou nenhuma especialista nos filmes do Woody Allen, assisti apenas dois até então, Blue Jasmine e Meia-Noite em Paris. Mas Paris-Manhattan me mostrou um pouco desse fantástico mundo, de filmes que possuem um começo simples mais que acabam se tornando uma viagem a lugares complicados e desconhecidos da alma humana.

Dirigido por  Sophie Lellouche, lançado em 2013, esse filme francês é surpreendente. Comecei assisti-lo e pensei, “São apenas 1h17mim de filme, deve ser apenas uma comédia romântica leve.”, porém estava enganada. O filme não é dirigido por Woody Allen, é  na verdade inspirado nas suas produções anteriores.

Allen não é um mito da sétima arte à toa, possui uma carreira de sucesso tanto atuando como produzindo, Lellouche conseguiu com certo sucesso, produzir a história de Alice, uma mulher que é feliz em sua carreira como farmacêutica mais se recolhe em seu quarto com os filmes de Woody Allen usando-os como uma bolha para fugir da frustação de ter uma vida amorosa tão fracassada, e ainda aguentar a pressão da família por ainda não ter se casado.


Ela é arrastada a inúmeros eventos sociais por seus pais, para tentar encontrar seu cavaleiro de armadura dourada, porém assim como nos filmes do seu diretor favorito a vida não é algo perfeito e onde apenas a felicidade reina, ela é cheia de desilusões, arrependimentos, magoas e isso é que a torna tão dura, no entanto lhe confere uma beleza única, por que podemos estar sofrendo hoje, mas e amanhã, o que pode acontecer?

Em uma destas festas ela acaba conhecendo dois homens que chamam sua atenção, só que por motivos diferentes. E então quando ela pensa estar vivendo o ápice da sua felicidade, ela começa a descobrir que a sua família não é o que aparentava ser e que príncipes montados em cavalos brancos só existem em contos de fadas e filmes.



terça-feira, 17 de maio de 2016

A menina que não sabia ler


“De vez em quando eu ouvia a pequena garota no sótão acima de mim fazendo piruetas nas barras. Finalmente, em algum relógio soou a meia-noite e, satisfeita porque todos os sons humanos haviam cessado, saí da cama.”

Nesse romance escrito por John Harding, ele cria na Nova Inglaterra no ano de 1891, uma atmosfera de suspense inspirada em clássicos como Edgar Allan Poe e Henry James. Na decadente Blithe House foi para onde Florence e Giles, se mudaram após a misteriosa morte de seus pais. Agora sobre os cuidados de seu tio e tutor, eles são negligenciados e esquecidos deste, e contam com a supervisão apenas dos criados da casa. Esses são tempos felizes para Florence, nossa narradora, entretanto, Giles precisa ir para escola e ela está terminantemente proibida de receber qualquer tipo de educação.

Porém, um dia vagando pela casa ela acaba descobrindo a antiga biblioteca da mansão, e ao entrar lá se depara com um mundo totalmente novo e com sua determinação aprende a ler sozinha e começa a devorar todos os livros que consegue, para aplacar a sua saudade do irmão. Giles regressa da escola com más noticias, ele acabou por não se adaptar ao internato e é mandando para casa.

Seu tio, que sempre teve como exigência nunca ser incomodado, acaba tendo de mandar uma preceptora para o menino. A Srta. Whitaker, que antes de sua trágica morte acaba descobrindo o paraíso secreto de Florence, porém logo em seguida acaba tragicamente morrendo no lago da mansão.

“Eu não havia deixado que Whitaker me levasse ao desespero quando estava viva, quando fez aquela coisa terrível, aquilo que mais me magoaria depois da perda de Giles, isto é, privar-me dos livros, e eu não me dobraria e não cederia agora.”

Então, uma segunda preceptora é enviada, a Srta. Taylor que pouco se parece com a anterior, porém para a criativa mente de uma menina de 12 anos, tudo começa a se encaixar e a partir disso ela descobre todos os malévolos planos da nova preceptora, e então toda a história ganha novos ares.

Para quem já leu A outra volta do parafuso, esse livro mostra-se claramente inspirado nesta obra de James, desde os nomes dos personagens Florence e Giles ( no romance de Henry James são Flora e Miles), até os problemas que as narradoras enfrentam para discernir realidade de fantasia. Em ambos os enredos o leitor não sabe se aquilo realmente acontece ou não, são feitas muitas perguntas na narrativa e todas elas contam com possíveis respostas nas entrelinhas do livro. Florence mostra-se absurdamente inteligente e experiente para uma menina de 12 anos, criada em uma mansão isolada. E uma vez que ela começa a narrar os acontecimentos, como separar o que é real do que é invenção da sua cabeça?


Esse romance publicado pela primeira vez em 2010, dividi opiniões, mesmo não gostado muito do livro, quero lhe dar uma segunda chance e por isso estou louca para ler o segundo volume, A menina que não sabia ler 2, bem sugestivo vocês não acham?


Escrito por Paulinha.

domingo, 1 de maio de 2016

[Resenha] Jornada pela Liberdade - Amazing Grace



Jornada pela Liberdade ou Amazing Grace é uma produção anglo-estadunidense dirigida por Michael Apted em 2006, ela narra à história real de William Wilberforce, que é um integrante do poderoso Parlamento Britânico. Ele e seu amigo William Pitt, que posteriormente viria a se tornar primeiro ministro, eram bem populares entre os lordes, Wilberforce principalmente.

Pitt convence a Will a tomar como sua a luta pelo fim do tráfico negreiro, que no século XVIII era liderado pelo Império Britânico. Will junta-se a outros abolicionistas e leva para debate no Parlamento diversas propostas de leis acerca do fim da escravidão, porém essas sempre são refutadas, com a desculpa de que causara grande prejuízo a coroa.

Wilberforce no Parlamento.

Após quinze anos vendo diversas propostas de leis sendo descartadas, uma após outra, Will além da esperança perde também a saúde e se vê obrigado a retirar-se para Bath e passar uma temporada com seu primo Henry Thornton. Em Bath, ele conhece Barbara Spooner, uma jovem que luta pelo que acredita e que vê em Will aquele homem capaz de realizar grandes coisas, mesmo que ele não acredite em si. Inspirado por Barbara, ele percebe que sua luta ainda não acabou.

Barbara e Will.

Jornada pela Liberdade nos mostra um pouco do caminho que as ideias abolicionistas percorreram até chegar aqui no Brasil, sendo o movimento liderado por Wilberforce fundamental para que a escravidão fosse considerada um crime nos outros continentes, tendo em vista a influência que Inglaterra tinha sobre os outros países. 



Escrito por Paulinha.

domingo, 24 de abril de 2016

[Resenha] Divas Abandonadas - Teté Ribeiro

divas abandonadas
teté ribeiro
Teté Ribeiro



Divas Abandonadas é um livro da jornalista e escritora Teté Ribeiro e retrata a vida por trás das câmeras das sete maiores divas do século XX: Lady Di, Ingrid Bergman, Jackie O., Sylvia Plath, Maria Callas, Tina Tuner e Marilyn Monroe.

 “QUE MULHER NUNCA SONHOU EM SER UMA DIVA ?”

É com essa frase que Teté Ribeiro inicia a sinopse de seu livro, e neste momento você deve está se perguntando: “Qual mulher não sonha em ser uma diva?”, e eu te respondo amiga, eu sou uma das mulheres que não sonha em ser uma diva.

Se para algumas mulheres ter a vida de Lady Di, repleta de glamour e sofisticação, seria um sonho, para ela isso estava mais para “Um conto sem fadas”. O que algumas pessoas não sabem é que a Lady Di sofreu muito com os tabloides de fofocas que a cercavam em busca de uma nova imagem sensacionalista, fato que culminou em seu falecimento há 19 anos atrás, em um trágico acidente de carro em Paris, enquanto tentava fugir dos  fotógrafos. Em sua vida privada sofria com sua baixa autoestima, problemas com sua aparência (o que a levou à bulimia) e, principalmente, sofria com as traições de seu marido, o Príncipe Charles. 

O mesmo acontecia com Jacqueline Lee Bouvier, mas conhecida como Jackie O., que fora casada com o presidente John Kennedy. Kennedy possuia uma vida agitada, regada de muitas mulheres bonitas e estar casado não o impediu de continuar com sua vida sexual animada, o que ocorreu logo após a sua lua de mel, em 1953, no México. Kennedy não fazia questão de esconder suas traições de Jackie, ela por sua vez, muito apaixonada pelo marido, fingia não ver as atitudes do esposo e com o tempo começou a ter crises de depressão e isolamento. Jackie viu seu sonho de um casamento perfeito ser, aos poucos, destruído.  

“Talvez eu nunca seja feliz, mas esta noite estou contente”. Assim começa os escritos mais íntimos da poeta Sylvia Plath, um volume de mais de 800 páginas, que conta sua vida de 1950 até 1963, ano de sua morte. Ainda na faculdade, o fato de querer ser sempre a melhor aluna desencadeou a primeira crise depressiva de Plath, que chorava por horas sem motivo algum. Sempre que algum de seus contos ou poesias eram rejeitados, Sylvia caia em mais uma depressão e começava a duvidar de seu talento.  

Em 1962, já casada, Sylvia e seu marido começaram a convidar amigos de Londres para passar o final de semana com o casal. Os convidados eram David Wevill e Assia. Assim que o casal chegou, Assia começou a flertar com Ted, marido de Sylvia, o qual também demonstrou reciprocidade. Plath, deu inicio a uma série de poemas em que afirmava ter duvidas da fidelidade do marido, ao mesmo tempo em que escrevia seu romance que seria a continuação de “A Redoma de Vidro” (obra que narra  a tentativa de suicídio de dez anos antes). 

Sorte na fama e azar no amor. Lady Di, Ingrid Bergman, Jackie O., Sylvia Plath, Maria Callas, Tina Tuner e Marilyn Monroe são apenas alguns exemplos de mulheres que sofreram por esse sentimento único e arrebatador: O Amor, e apesar de todo sofrimento que esse sentimento lhes trouxe, nunca deixaram de amar.

Escrito por Kerolainy Lima.

quarta-feira, 20 de abril de 2016

[Resenha] As sufragistas

As sufragistas

O filme "As sufragistas" retrata a luta das mulheres em busca de seus direitos ao voto e a independência no inicio do século XIX, onde após anos de manifestações pacificas elas decidem por ações mais violentas que incluíam atos de vandalismo, para assim deixarem de ser ignoradas.

luta das mulheres
" A lei não significa nada para mim. Não tive direito de fazer a lei."

Com um elenco de peso, que conta com nomes como Meryl Streep que interpreta a líder do movimento, Emmeline Pankhurst e Helena Boham Carter, junto com Carey Mulligan como Maud Watts, que trabalha numa lavanderia desde seus sete anos de idade, e a partir de suas perspectivas, entenderemos os eventos deste período tão difícil para as mulheres. Maud acaba por se envolver com o movimento sufragista, mesmo sem perceber, e isso complica muito a sua vida.

Nesse período, a polícia vigiava de forma intencional qualquer pessoa suspeita de integrar o movimento, e após uma passeata, Maud e muitas outras, acabam sendo presas. Na cadeia, ela sofre por não poder ver seu filho. Ao sair da prisão e voltar para casa, faz diversas promessas ao marido de não se envolver mais com as sufragistas. 

Meryl Streep



Mesmo tendo prometido ao seu marido que não se envolveria mais com o movimento, ela começa a refletir se realmente aquilo que aquelas mulheres estão fazendo é mesmo tão errado. Ela sempre trabalhou, homens sempre mandaram nela, até o dinheiro pelo qual trabalhava horas à fio lavando e passando roupa, entregava todo ele ao seu marido e se ela tivesse uma filha, o destino da sua menina seria o mesmo dela? Ser governada e abusada por homens que consideram as mulheres seres de intelecto inferior?

Ela será presa novamente, e mesmo sendo uma personagem fictícia, Maud dá vida há outras mil mulheres que realmente passaram pelas prisões britânicas na luta pelos seus direitos. Mães. Filhas. Sufragistas. Esse filme nos faz refletir sobre quantas outras mulheres lutaram para que hoje pudéssemos estar aqui, escrevendo livremente, e tendo a mesma educação a que os homens têm acesso.

" Nunca se renda, nunca desista da luta."

E como "Janeite" assumida que sou, não poderia deixar de fazer uma ponte entre esse filme e a nossa querida Austen. Os acadêmicos a consideram uma escritora conservadora, porém, a crítica feminista atual reconhece em suas obras uma dramatização do pensamento de Mary Wollstonecraft sobre a educação da mulher, e com seu sarcasmo ela critica a sociedade patriarcal inglesa em seus romances.


E inspirada por elas, devemos lutar pelos nossos direitos, porque acreditar que não existe machismo na sociedade atual é utopia. Sabendo que na Arábia Saudita as mulheres ainda não têm direito ao voto, e que em muitos países do Oriente Médio elas correm perigo se quiserem frequentar a escola, não devemos parar de lutar por nossas companheiras, para que um dia nossas filhas e netas possam andar livremente e sem correr riscos, apenas por serem mulheres.

Carey Mulligan, Meryl Streep e Romola Garai.
"Eu prefiro ser uma rebelde do quê uma escrava."