Inspirada no livro de Octave
Mirbeau , publicado em 1900, que deixou
a população francesa chocada a se referir de forma tão clara aos costumes das
classes mais abastadas e detalhar os relacionamentos que eram mantidos, muitas
das vezes, entre patrão e empregada.
Benoît Jacquet possui uma verdadeira obra-prima em mãos, e
com ela poderia explorar diferentes aspectos da vida na sociedade francesa no
final do século XIX, e tudo isso de acordo com o ponto de vista da classe
trabalhadora já que a personagem principal é Célestine, uma camareira, interpretada
brilhantemente por Léa Seydoux.
Seydoux já havia trabalhado com Benoît antes em Adeus, minha Rainha, e novamente ela
está perfeita no papel. Ela cria uma personagem bem estruturada, que é perfeita
em suas contradições e que após certa parte do filme é a única coisa que nos
faz assistir terminar de assisti-lo.
Célestine é apresentada no
início como uma camareira exigente com seus futuros patrões, não aceitando
qualquer proposta, logo assim, de primeira. Mas, depois quando ela aceitou
mudar-se para o campo onde sua nova patroa, Madame Lanlaire morava, entendi o porquê
de tantas exigências, ela simplesmente não tem um momento de descanso e é
tratada como escrava. Porém, se você estiver pensando que Célestine é uma pobre
mulher, subjugada e maltratada que não sabe se defender, está enganada, e acho
que é isso que mais me fascina nela.
Todo esse realismo da
personagem, ela não senta e fica esperando alguém salva-la, ela se salva da
maneira que pode desde os doze anos, dotada de um misto de sofisticação e
inteligência tentando sempre se sair bem das situações.
Mesmo sendo tão explorado
por esse casal de aristocratas decadentes, e não se dando bem no inicio com
seus colegas de trabalho, ela parece suportar esse situação. Até o momento em
que Joseph, um empregado da casa, começa a demostrar interesse por ela e lhe
faz uma proposta tentadora que pode mudar por completo sua vida de serviçal.
O passado de Célestine é
contado através de flashbacks, o que
deixa a edição do filme ainda mais linda. Para que o filme fosse realmente
perfeito faltou apenas a conclusão de alguns fatos que foram jogadas a esmo.
Escrito por Paulinha.